8 de março – Há o que comemorar? | Por Maitê Campos
Olá meninas,
Ontem, Dia
Internacional da Mulher, foi celebrado com festas e protestos por todo o mundo.
Deveria ser um dia de parabenizar as mulheres inspiradoras. A gente
pode até fazer isso, como fiz, mas é com o coração sangrando. A vontade é de
desejar força. Passa ano e entra ano e continuamos aqui pedindo o mínimo:
respeito por nossas vidas.
Trouxe alguns
dados para NUNCA nos esquecermos que a luta ainda tem caminho longo. Que
devemos nos unir, resistir, desconstruir e gritar. Por nós!
- No Brasil, a
cada hora e meia, uma mulher é assassinada por um homem, em um total de 13
feminicídios por dia. Taxa de 4,8 para 100 mil mulheres. Quinta maior taxa do
mundo segundo a OMS. Apenas El Salvador, Colômbia, Guatemala (três países
latino-americanos) e a Federação Russa evidenciam taxas superiores às do Brasil.
- O Brasil tem
48 vezes mais homicídios de mulheres que o Reino Unido; 24 vezes mais
homicídios de mulheres que Irlanda ou Dinamarca; 16 vezes mais homicídios de
mulheres que Japão ou Escócia.
- De acordo
com Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos e 33 segundos uma
mulher é estuprada no Brasil, ou seja, cinco a cada hora.
- O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que por ano são 527 mil
tentativas ou casos de estupro consumados no Brasil e, destes, apenas 10%
chegam a ser reportados à polícia.
- No carnaval
deste ano, a violência física foi o principal motivo das ligações, 1.136
contatos, seguido da violência psicológica com 671, violência sexual com 109,
violência moral com 95, cárcere privado com 68, violência patrimonial com 49 e
tráfico de pessoas com 4 atendimentos.
- Em 2010, a
Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC),
realizou a pesquisa Mulheres Brasileiras no Espaço Público e Privado e concluiu
que uma em cada dez mulheres foi espancada pelo menos uma vez na vida. Ou seja,
a cada dois minutos, cinco mulheres são surradas no Brasil.
- O Brasil é
um dos piores países da América Latina para quem nasce menina, em especial
devido aos níveis extremamente altos de violência de gênero e gravidez na
adolescência, além das baixas taxas de conclusão da educação secundária, de
acordo com o relatório da Anistia Internacional.
- Somos 52% da
população, mas ocupamos apenas 10% do Congresso Nacional.
- Ganhamos 30%
menos que os homens nos mesmos cargos.
- O Mapa da Violência 2015 aponta que, dos 4.762 assassinatos de mulheres registrados em
2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares. Em 33,2% desses casos, o
crime foi praticado pelo parceiro ou ex.
- 82% das
agressões a crianças do sexo feminino, de <1 a 11 anos de idade, que
demandaram atendimento pelo SUS, partiram dos pais – principalmente da mãe, que
concentra 42,4% das agressões.
- Para as
adolescentes, de 12 a 17 anos de idade, o peso das agressões divide-se entre os
pais (26,5%) e os parceiros ou ex-parceiros (23,2%).
- Para as
jovens e as adultas, de 18 a 59 anos de idade, o agressor principal é o
parceiro ou ex-parceiro, concentrando a metade do todos os casos registrados.
- Já para as
idosas, o principal agressor foi um filho (34,9%).
- Vitória,
Maceió, João Pessoa e Fortaleza encabeçam as capitais com taxas mais elevadas no
ano de 2013, acima de 10 homicídios por 100 mil mulheres. No outro extremo, São
Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com as menores taxas.
- Em
comparação com os homicídios masculinos, nos femininos há maior incidência de
mortes causadas por força física, objeto cortante/penetrante ou contundente, e
menor participação de arma de fogo.
- Pra
finalizar, temos um “presidente” que na cerimônia pelo Dia Internacional da
Mulher usou a palavra para dizer que o papel das mulheres na economia é serem
astutas seguidoras do orçamento doméstico, capazes de notar as flutuações de
preços. E também ressaltou que as mulheres, "além de cuidar dos afazeres
domésticos" e serem as responsáveis pela educação dos filhos, ganham
"cada vez mais espaço" no mercado de trabalho. Década de 50? Oi?
Em briga de
marido e mulher se mete a colher sim. Tapa de amor dói. Denuncie, mulher!
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